Por José Ricardo Roriz Coelho

Neste Dia Mundial da Reciclagem, há muito o que se comemorar e muito a se realizar no Brasil. O cenário geral indica alguns avanços, mas, também, urgência para a evolução em temas de interesse conjunto e horizontal, ou seja, além da cadeia de transformação do plástico.

A primeira boa notícia é que o índice de reciclagem mecânica dos plásticos pós-consumo cresceu 8,5% em 2019, em comparação ao ano anterior. Segundo estudo realizado pela MaxiQuim, sob encomenda do Plano de Incentivo à Cadeia do Plástico (PICPlast), parceria entre a ABIPLAST e a Braskem, foram produzidas 838 mil toneladas de plásticos reciclados em 2019.

O aumento da taxa de reciclagem do plástico é consequência direta do progresso da indústria do segmento no país. Atualmente, são 1.083 empresas, que geram 10.162 empregos, um salto de quase 30% e mais de 40%, respectivamente, com relação a 2010, segundo dados do Caged e RAIS, do Ministério da Economia.

As evoluções comprovam o potencial de desenvolvimento da reciclagem do plástico, um dos elos mencionados pelo conceito de economia circular, depois do reuso e da remanufatura. O setor tem feito movimentos para se consolidar como agente da mudança. Uma das iniciativas nesse sentido é a Câmara Nacional dos Recicladores de Materiais Plásticos, a CNRPLAS.

Criado pela ABIPLAST em 2012, o grupo reúne representantes do segmento de reciclagem de material plástico de todo o Brasil, debatendo temas e questões pertinentes às realidades da esfera de atuação do setor. A CNRPLAS tem trabalhado com foco e objetivo para consolidar o segmento, além de levar ao mercado as diversas possibilidades do uso do plástico reciclado.

No outro lado da história, estão alguns obstáculos importantes para o avanço da reciclagem no Brasil. Primeiro, é essencial e necessário o envolvimento conjunto de toda a cadeia, pois a questão de resíduos é sistêmica e global. O país precisa de políticas públicas para sanar dificuldades horizontais, que extravasam o plástico e afetam todos os atores da cadeia de reciclagem, como a questão tributária, por exemplo.

Por causa dessas e outras pedras no caminho, é urgente notar que a economia circular pede passagem. Um dos pilares prioritários da ABIPLAST para o curto, médio e longo prazos, o conceito diz respeito a todo modelo produtivo, sem exceção ou exclusividade. O design para a reciclagem, a oferta de resíduos, a universalização da coleta seletiva, as tecnologias envolvidas no processo de coleta e triagem e a responsabilidade compartilhada (discussão do olhar sistêmico) abarcam o guarda-chuva da economia circular e da logística reversa.

O momento é de união de esforços de toda a cadeia. Como representante do setor de transformação e reciclagem de plástico, a ABIPLAST sabe das responsabilidades em torno do tema e se coloca à disposição do debate amplo, em que se busquem soluções para um problema de todos nós.

JOSÉ RICARDO RORIZ COELHO é presidente da ABIPLAST- Associação Brasileira da Indústria do Plástico e do SINDIPLAST – Sindicato da Indústria de Material Plástico, Transformação e Reciclagem de Material Plástico do Estado de São Paulo e vice-presidente da Fiesp e do Ciesp.